Hoje recebi em minha casa uma prestadora de serviços de limpeza, de uma agência. . Ao final do expediente ela me entregou um folder e disse que era uma mensagem de deus para mim e minha família.
Agradeci, me despedi normalmente. Em momento algum me senti ofendido pela atitude dela, mas confesso que senti uma vontadezinha enrustida de responder: não, obrigado. Sou ateu.
Não fiz isso por que eu acho que essa opção só diz respeito a mim. A crença ou descrença de cada um é uma questão pessoal. Mas não escondo minha descrença. Se puxarem assunto comigo não fugirei do debate e terei prazer em explicar os motivos que me levaram a essa conclusão.
Além do mais, a mulher estava feliz ao fazer isso, acreditando piamente que distribuir panfletos com palavras de deus é uma contribuição legítima para que o mundo seja um lugar melhor para se viver. Quem sou eu para interromper essa felicidade. O panfleto foi pra lixeira sem abrir, mas ela não precisa saber disso. Ela passou o dia limpando a minha casa, um serviço essencial de muita valia, o mínimo que eu poderia fazer para retribuir era não estragar a alegria dela depois de um dia exaustivo. Claro, ela recebeu pelo serviço mas isso não me autoriza a destratá-la e achei que o melhor que eu podia fazer era agradecer.
Mas, e se fosse o contrário? Como seria a reação dela se ao final do expediente, um prestador de serviços domésticos, que passou o dia na sua casa, com sua família, seus filhos, revirando nas suas coisas e tudo mais, entregasse para ela uma mensagem atéia dizendo que deus não existe! Como será que ela reagiria? Tenho vontade de fazer essa experiência, mas enquanto isso, apenas imagino como seria.
Fábio Porchat, dá uma mão. Vamos fazer essa experiência?
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